- Gestão
- | 08/10/2018
Kanban na Logística: como esta ferramenta integra os processos logísticos
Muito se fala sobre a otimização de custos e materiais na cadeia de produção. A verdade é que, em um mercado competitivo, não existe mais espaço para desperdícios e excessos nas empresas. Por isso, com o intuito de elevar a eficiência, iniciativas como aplicar o Kanban na logística têm feito sucesso entre os gestores.
Nos anos 50, em um cenário pós-guerra, a economia japonesa estava fragilizada e precisava se reconstruir. Nesse contexto, a Toyota também passava por imensa dificuldade devido à carência de recursos.
Foi justamente em meio a essa crise que os executivos resolveram repensar a forma como trabalhavam na indústria e desenvolveram uma metodologia cuja proposta era fazer o máximo com menos: o Kanban.
Esse sistema inovador, que é incorporado por empresas até os dias atuais, procura potencializar a produtividade, o tempo da equipe e os insumos disponíveis, entregando mais valor e evitando todo tipo de desaproveitamento ou falha. Interessado em saber mais e entender como ele funciona? Continue a leitura e confira!
O que é e como surgiu esse conceito?
Em linhas gerais, o Kanban é um método para controlar o fluxo de processos e pode ser usado em diversas áreas em uma empresa. O termo quer dizer, literalmente, “cartão visual”, e o sistema, de fato, propõe o uso de cartões ou papéis coloridos (como post-its) para controlar etapas e ações produtivas.
Como vimos, a ideia surgiu em um cenário de recessão e se contrapunha ao esquema norte-americano de produção em massa — criados por Ford e Taylor. Esse tipo de fabricação se baseava, essencialmente, na premissa de que a indústria deveria confeccionar o máximo de itens possíveis e escoar os artigos com a ajuda de estratégias de marketing, estimulando o alto consumo.
Em contrapartida, os executivos japoneses pensaram que seria mais inteligente inverter a ordem e colocar a demanda como base para o volume produzido: não fazia sentido manter estoques altos e encher prateleiras de mercadorias que os clientes não desejavam de verdade.
Dessa forma, o Kanban na logística e na produção é conhecido por ser um mecanismo que favorece a fabricação “puxada”, ou seja, que é determinada pela demanda do cliente.
Qual a relação entre o Kanban e o Just in Time?
O Just in Time é uma técnica também japonesa, desenvolvida pela Toyota, que foge do modelo tradicional de estoques excessivos e tem o intuito de otimizar o controle dos insumos disponíveis.
A ideia é que a empresa mantenha nos armazéns apenas aquilo que vai usar e produza exatamente o que já foi encomendado pelo cliente ou de acordo com a média de demanda, driblando, assim, desperdícios e retrabalho.
Nessa conjuntura, o Kanban é uma ferramenta operacional que faz parte de toda a lógica proposta pelo Just in Time. Dessa forma, se a empresa o adota para administrar o ciclo de etapas nas linhas de produção, ela, consequentemente, opera também com base nos princípios do Just in Time.
Como funciona o Kanban na logística?
Se você chegou até aqui, entendeu que o Kanban pretende maximizar a produtividade e, ao mesmo tempo, diminuir os custos e excessos. Basicamente, erros e atividades que não agregam valor ao resultado final devem ser descartados ou ajustados.
O sistema é formado por cartões coloridos com informações-chave sobre os artigos que servirão de guia para a equipe ao longo de cada estágio produtivo. Na logística, são usados dois tipos de ficha:
- Kanban de produção — que carregam informações sobre o que um objeto precisa para ser fabricado. Sua função é iniciar a linha de montagem e acompanhar os materiais ao longo da cadeia.
- Kanban de movimentação — como o nome indica, eles são usados para indicar como cada material deve circular desde o fornecedor até a expedição dos produtos.
Os cartões se movem em um quadro dividido em três partes: a fazer, fazendo e feito. Dessa maneira, fica claro o que já foi realizado e o que ainda precisa ser executado, já que a equipe acompanha, de modo prático e visual, a evolução de cada tarefa.
Isso facilita a comunicação e permite que todos estejam alinhados com os mesmos objetivos. Da mesma forma, se os cartões se acumulam em uma coluna e o trabalho não flui, é mais fácil identificar o que está acontecendo e quais são as falhas que causam esse atraso.
Os cartões são colocados em ordem sequencial e “puxam” as etapas de manufatura, impondo o ritmo adequado para atender aos pedidos. Acompanhe o exemplo da confecção de um notebook para ver como o sistema funciona:
- iniciando o processo, uma caixa vazia é enviada para o setor responsável com um Kanban de movimentação e um de produção;
- o Kanban de produção indica os insumos necessários para compor o produto. A equipe confere suas informações e vai ao estoque. A matéria-prima é colocada na caixa e o cartão volta para o quadro;
- a caixa segue para outro setor, acompanhada do Kanban de movimentação;
- para a montagem, outro Kanban de produção é usado com outras orientações e o de movimentação retorna ao quadro. Assim, os cartões vão se revezando, alternando fases de fabricação e transporte.
Por que o Kanban é uma boa ferramenta para a cadeia de produção?
Na logística, que é formada por uma intrincada cadeia de processos, o Kanban é um grande aliado e ajuda gestores a ter mais controle e visibilidade. Como resultado, as ações se tornam mais enxutas, objetivas e eficientes.
Já que cada etapa é otimizada, o fluxo operacional ganha mais sinergia e a gestão tem uma visão aprimorada de cada tarefa. Desse jeito, é mais fácil encontrar pontos de melhoria e aproveitar boas oportunidades. Logo, o método proporciona benefícios como:
- redução de custos, excessos e erros;
- melhor aproveitamento dos recursos disponíveis;
- linhas de produção operando em alta performance;
- maior competitividade em relação a prazos — já que a fabricação é “puxada” pela demanda;
- agilidade e diminuição de indicadores de desempenho como o lead time (tempo de aprovisionamento);
- estoques mínimos — gerando menos perda e favorecendo o capital de giro.
Aplicar o Kanban na logística é, com certeza, uma estratégia vantajosa para empresas que desejam ter um ciclo de produção e distribuição flexível e inteligente, com maior valor agregado para seus clientes. Além disso, a metodologia é eficaz na hora de conter desperdícios e inconsistências. Agora, cabe a você apostar nessa solução!
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